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O que é identidade digital descentralizada: uma visão geral

Alan Faleiro

November 21, 2023
Imagem meramente ilustrativa remetendo à ideia de identidade descentralizada
Sumário

O mercado de identidade está no centro do desafio fundamental da web 3.0: as preocupações cada vez maiores com a privacidade e segurança dos dados. Assim sendo, começa a surgir uma transformação significativa. O antigo modelo centralizado de armazenamento de informações pessoais está sendo substituído. Estes bancos de dados eram vulneráveis a ataques cibernéticos e violações de dados. Está surgindo um novo paradigma: a identidade digital descentralizada.

Neste post, vamos simplificar o seu entendimento sobre o que é exatamente a identidade digital descentralizada e oferecer uma visão geral desse conceito inovador. Exploraremos como essa abordagem revolucionária empodera os usuários, dando-lhes maior controle sobre suas informações pessoais e ao mesmo tempo garantindo uma maior segurança. 

Descubra como a identidade digital descentralizada promete mudar a forma como nos identificamos e interagimos online. Oferece uma alternativa mais segura e transparente ao modelo tradicional. Esteja preparado para mergulhar em um mundo fascinante de autenticidade digital e proteção de dados.

Entendendo o que é identidade digital descentralizada

A identidade digital descentralizada é um conceito que está ganhando cada vez mais destaque no mundo digital. Dentre as suas várias possibilidades de abordagem, vamos tratar aqui do seu uso mais comum. E para você entender o que é, vamos fazer uma comparação com o modelo atual de identidade digital.

No cenário atual, nossos dados são coletados e armazenados por diversas empresas e organizações, resultando em uma perda significativa de controle sobre nossas informações pessoais. Um exemplo alarmante dessa realidade foi o escândalo envolvendo a Cambridge Analytica, uma empresa de consultoria política que orquestrou a campanha digital de Trump em 2016. Eles utilizaram um aplicativo para coletar informações privadas de 87 milhões de usuários, sem o devido conhecimento ou consentimento dos mesmos.

Com a identidade digital descentralizada, como vamos lhe apresentar, a história é diferente. Ela é viabilizada pela tecnologia blockchain, que é um sistema seguro e transparente. 

Pausa para um adendo: não lembra o que é blockchain? Aqui temos uma breve explicação: essa tecnologia é como uma caixa forte digital que mantém seus dados privados e protegidos. Ela faz uso de criptografia para proteger as informações, o que significa que elas são transformadas em códigos secretos que só podem ser lidos por pessoas autorizadas. Isso garante que apenas as pessoas certas possam acessar e compartilhar as informações de maneira segura.

Assim sendo, no modelo de identidade descentralizada, cada pessoa tem seu próprio identificador descentralizado (DID), que funciona como um endereço público de sua identidade. Esse DID é criado usando criptografia, que transforma os dados em chaves criptográficas que somente pessoas autorizadas podem acessá-los.

Aqui está a diferença importante: quando um usuário decide compartilhar seu DID com alguém, ele permite que essa pessoa acesse suas informações específicas. Mas isso só acontece se o usuário der permissão explicitamente. Ou seja, o controle sobre o compartilhamento de dados está nas mãos do próprio usuário ao invés de intermediários, como empresas e organizações. 

Como funciona na prática: os papéis de emissor, usuário e verificador

Imagem ilustrativa visando trazer a ideia de identidade digital descentralizada

Dentre as várias possibilidades da identidade descentralizada, vamos nos concentrar aqui no seu uso mais comum para explicar como essa abordagem funciona.

Como resultado, nesse modelo, o mais comum é que as chaves criptográficas sejam armazenadas de forma segura em carteiras digitais acessíveis por meio de um aplicativo, permitindo controle sobre quais informações compartilhar e com quem compartilhá-las. 

Nesse sistema, três atores desempenham papéis fundamentais: o emissor, o usuário e o verificador. 

  • Emissor: é responsável por emitir credenciais verificáveis ou registros que serão apresentados pelo usuário. Essas credenciais podem ser, por exemplo, diplomas, certificados, identidades digitais, entre outros. O emissor utiliza a tecnologia blockchain para criar uma prova criptografada e imutável dessas credenciais.
  • Usuário: armazena as credenciais emitidas pelo emissor em sua carteira digital descentralizada. A carteira é protegida por criptografia e controlada exclusivamente pelo usuário. Ele pode decidir quais informações compartilhar e com quem compartilhá-las. Essa abordagem dá ao usuário maior controle sobre sua identidade e evita a concentração de dados em uma única entidade centralizada.
  • Verificador: é o terceiro ator e tem a função de verificar a autenticidade e validade das credenciais apresentadas pelo usuário. O verificador possui uma chave pública, que é usada para verificar a prova criptográfica das credenciais. Essa verificação pode ser feita de forma completa, onde todas as informações são compartilhadas, ou de forma compartimentada, onde apenas os dados relevantes para a validação são divulgados.

Todas as interações entre os atores são registradas em uma rede blockchain, que é um livro-razão distribuído e imutável. Isso garante a transparência e a integridade do sistema, tornando-o resistente a fraudes e adulterações. Além disso, a descentralização da identidade digital elimina a necessidade de intermediários centralizados, reduzindo os riscos de violação de dados pessoais.

Em resumo, a identidade digital descentralizada utiliza a tecnologia blockchain para permitir que os indivíduos tenham controle total sobre suas informações pessoais. Os emissores emitem as credenciais, os usuários armazenam-nas em carteiras digitais descentralizadas e os verificadores validam sua autenticidade, usando técnicas criptográficas e consultando a blockchain. Isso proporciona maior segurança, privacidade e autonomia na gestão da identidade digital.

Características da identidade digital descentralizada

A identidade digital descentralizada apresenta uma série de características distintas que a tornam uma abordagem inovadora e promissora para a gestão de identidade online. A seguir, destacam-se algumas delas:

  • Ausência de autoridade central: utiliza a rede blockchain como figura de autoridade, eliminando a dependência de intermediários centralizados.
  • Centrada no usuário: coloca o usuário no controle de sua própria identidade, permitindo que ele decida como e quando compartilhar suas informações.
  • Alta segurança: utiliza criptografia avançada e mecanismos de consenso distribuído para oferecer níveis elevados de segurança e proteção das informações pessoais.
  • Privacidade preservada: não registra informações pessoais diretamente na blockchain, garantindo a privacidade dos usuários e evitando exposição desnecessária de dados sensíveis.
  • Conformidade com leis de proteção de dados: está em conformidade com regulamentações, como o GDPR (Regulamento Geral de Proteção de Dados) e a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), garantindo a autonomia e os direitos dos usuários sobre seus dados pessoais.
  • Portabilidade: permite a portabilidade das informações, ou seja, o usuário pode utilizar sua identidade descentralizada em diferentes contextos e serviços, evitando registros duplicados e facilitando a integração entre plataformas.
  • Baixos custos de manutenção: a gestão da identidade digital descentralizada apresenta custos reduzidos em comparação aos modelos centralizados tradicionais, uma vez que não é necessária a manutenção de infraestruturas complexas e intermediários custosos.

Essas características combinadas tornam a identidade digital descentralizada uma solução poderosa, que coloca o usuário no controle de sua própria identidade e oferece segurança, privacidade e conformidade com as leis de proteção de dados.

Por que migrar para a identidade descentralizada

A adoção da identidade descentralizada traz diversos benefícios e soluções para os desafios enfrentados pelas empresas no mercado de identidade atual. Aqui estão algumas razões pelas quais essa mudança é vantajosa:

  • Riscos reduzidos e custos mais baixos:
  • Dados são armazenados de forma segura e criptografada em uma rede blockchain.
  • Redução significativa de custos relacionados à segurança cibernética e conformidade regulatória.

  • Aumento da confiança do cliente:
  • Controle dos dados nas mãos dos usuários.
  • Fortalecimento da confiança e transparência nas relações empresa-cliente.

  • Maior eficiência e agilidade:
  • Menos burocracia nos processos virtuais.
  • Eliminação de múltiplos logins e senhas em diferentes plataformas.

  • Interoperabilidade entre diferentes serviços e plataformas:
  • Compartilhamento seguro e confiável de informações.
  • Evita duplicação de registros e melhora a experiência do usuário.

Para resumir, a identidade descentralizada oferece uma solução promissora para os desafios atuais da gestão de identidade, fornecendo maior controle, segurança e privacidade para os usuários. 

Ao capacitar os usuários a serem proprietários de seus próprios dados e ao utilizar tecnologias avançadas como blockchain, a identidade descentralizada está transformando a forma como as empresas e os indivíduos interagem e protegem suas informações digitais.

Conclusão

Por suas características, a identidade digital descentralizada tem potencial para revolucionar a gestão de identidade online, substituindo o modelo centralizado por uma abordagem transparente e segura, que coloca os usuários no controle de suas informações pessoais. 

Trata-se assim de uma tecnologia que caminha na direção dos desafios que marcam a atualidade, sobretudo no que diz respeito aos crescentes questionamentos em relação à privacidade dos dados e à segurança dos usuários no ambiente digital. Espera-se, assim, que a transição para uma identidade digital centralizada se concretize de maneira cada vez mais presente em nosso cotidiano. É aguardar para ver.

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